domingo, 24 de dezembro de 2017

De barriga cheia

Há tempos atrás, os meus pais costumavam comprar roupas novas para a noite de natal. Lembro-me que tudo era muito prematuro; as crianças recebiam os presentes antes da data, e seguiam-se os seus gostos.
No dia vinte e quatro, era do nosso feitio iniciarmos cedo a peregrinação entre as casas de minhas avós. Não me lembro de árvores ornamentadas, luzinhas brilhantes ou papai Noel, mas de abraços afetuosos e sorrisos brilhantes.
Devido ao horário, as ceias nunca estavam postas à mesa. Conversávamos; entregávamos e recebíamos presentes; beliscávamos alguns petiscos, e saíamos com fome. Meu pai não aguentava aguardar por horas afinco as badaladas da meia noite a fim de jantarmos.
Em vão, buscávamos restaurantes abertos pela cidade, porém todos fechados. Jantávamos em casa, e todo ano essa história, que já rendeu várias gargalhadas, se repetia. Até que um dia, assumi a organização das nossas celebrações natalinas e passamos a dormir de barriga cheia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário