quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Sem horas

Atribulava-me considerar que aguardava ansiosamente pelas quintas-feiras. Arrastava-me em horas enfadonhas pelos corredores do escritório, e finalizava um dia cardíaco com frivolidades sociais. Tardei a convencer-me do óbvio: eu não pertencia aquele lugar.

Passaram-se alguns anos, e ainda lembro-me das escolhas impetuosas, nocivas e arbitrárias. Hoje é quinta-feira, e já é quase meia noite.  Desvio o olhar do computador, abro o frigobar e procuro por algo doce, mas só tem água. Recordo que fiz o dia de hoje sem horas, e aproximei-me de cada cortejo proporcionado pelo tempo que insistia em fazer-se infinito. 

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