Há
tempos atrás, os meus pais costumavam comprar roupas novas para a noite de
natal. Lembro-me que tudo era muito prematuro; as crianças recebiam os
presentes antes da data, e seguiam-se os seus gostos.
No
dia vinte e quatro, era do nosso feitio iniciarmos cedo a peregrinação entre as
casas de minhas avós. Não me lembro de árvores ornamentadas, luzinhas
brilhantes ou papai Noel, mas de abraços afetuosos e sorrisos brilhantes.
Devido
ao horário, as ceias nunca estavam postas à mesa. Conversávamos; entregávamos e
recebíamos presentes; beliscávamos alguns petiscos, e saíamos com fome. Meu pai
não aguentava aguardar por horas afinco as badaladas da meia noite a fim de
jantarmos.
Em
vão, buscávamos restaurantes abertos pela cidade, porém todos fechados.
Jantávamos em casa, e todo ano essa história, que já rendeu várias gargalhadas,
se repetia. Até que um dia, assumi a organização das nossas celebrações
natalinas e passamos a dormir de barriga cheia.