sexta-feira, 18 de maio de 2018

Das noturnas

Ilustração minha
De todas as histórias que vagueiam por três atos,
as matutinas serão desdenhadas por ti;
das vespertinas, ruminará as memórias de cada pôr do sol fatigado sem mim.
A tarde que tinha cheiro de sol, sal e sapoti,
findará o dia umedecida pelas chuvas que cairão por aqui.
Das serenas que pareciam brandas, recolherá as impressões vistas daí.
Lembrará só das noturnas e das mais aflitas canções de rua,
e estas serão tormentas até o fim.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Parada Obrigatória

Foto minha - Filtros de óleo

Eu bem que poderia ter adotado minhas já conhecidas medidas protelatórias - das muitas vezes que delonguei.
Mas, por alguma razão, parei de "engolir ar" e por ali mesmo fiquei.
Remansada, esperançada, talvez até mais acordada.
Eu que sempre andei a pé - descalça em terra quente, fugindo da aflição, caçando lugar para pernoitar.
Estava ali, sem ameaças para fugir ou lutar, apenas acertando os próximos passos a dar.
O tempo já tinha esperado por mim, e eu que precisava trocar tudo de novo, com data, hora e lugar.
Não se pode andar por aí, sem por um momento parar.
Eu que sempre quis correr, escorrer e descer pelo ralo, não podia mais cantar de galo - só esperar.
Parei aqui, na contramão de tudo, oxidada, enferrujada, mas resignada -  das muitas vezes que é necessário aceitar.