quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

A meu tempo

Acordei a meu tempo.
Não estava em casa, e ainda era cedo. Cedo o bastante para transitar pelo quarto e festejar o deslumbre do que é sentir isso pela primeira vez. Sem pressa, recolhi todos os meus pertences, e sem tomar o desjejum saí à francesa pela porta dos fundos.
 Dirigi pela cidade ainda fria e vazia, o que me fez acelerar a lucidez desgastada pelos sonhos enigmáticos de ontem. E a cada esquina alcançada, a poética outrora reprimida fez-se presente.
A manhã estava nublada, e eu precisava finalizar os últimos detalhes para a publicação do meu livro. Passaria à tarde numa deleitosa confraternização entre amigos, e não haveria tempo para debruçar-me sobre os meus escritos. E escrever não é tarefa fácil, exige grande devotamento as suas contemplações.
Surpreendeu-me rever textos antigos, a ponto de confundir-me distinguir em que época da minha vida estava a confessar. Não é todo dia que percebemos o que já deveríamos ter descortinado.
Dormi a meu tempo.

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