Acordei
a meu tempo.
Não
estava em casa, e ainda era cedo. Cedo o bastante para transitar pelo quarto e
festejar o deslumbre do que é sentir isso pela primeira vez. Sem pressa,
recolhi todos os meus pertences, e sem tomar o desjejum saí à francesa pela
porta dos fundos.
Dirigi pela cidade ainda fria e vazia, o que
me fez acelerar a lucidez desgastada pelos sonhos enigmáticos de ontem. E a
cada esquina alcançada, a poética outrora reprimida fez-se presente.
A
manhã estava nublada, e eu precisava finalizar os últimos detalhes para a
publicação do meu livro. Passaria à tarde numa deleitosa confraternização entre
amigos, e não haveria tempo para debruçar-me sobre os meus escritos. E escrever
não é tarefa fácil, exige grande devotamento as suas contemplações.
Surpreendeu-me
rever textos antigos, a ponto de confundir-me distinguir em que época da minha
vida estava a confessar. Não é todo dia que percebemos o que já deveríamos
ter descortinado.
Dormi
a meu tempo.
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